Nas salas de aulas das creches do Recife, além dos professores, outros profissionais são responsáveis pelo cuidado com as crianças de 0 a 3 anos. Eles são os Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADI), trabalham nos Cemeis da cidade e exercem atividades semelhantes às de um professor. Por isso, querem que sua função seja reconhecida como cargo pedagógico. O assunto foi discutido nesta quinta-feira, 28, numa audiência pública que lotou o plenarinho da Câmara. A iniciativa do debate partiu do vereador Osmar Ricardo (PT).
Entre as atividades exercidas por um ADI estão o cuidado com a higiene, alimentação e bem estar das crianças. Eles também auxiliam o professor no processo ensino-aprendizagem, no planejamento e execução das atividades e na observação do desenvolvimento da criança. Mas, além do reconhecimento, eles querem melhoria nas condições de trabalho e a redução da jornada, que hoje é de 40 horas semanais.
Representando o secretário de Educação do Recife, Lenira Silveira alertou que será necessária uma mudança na lei para que haja uma isonomia com os professores. Hoje o cargo ocupado pelos ADIs é de nível médio, “no entanto, para ser considerado professor é preciso ser formado em Pedagogia”, alertou. Ela lembrou ainda que reivindicação semelhante está sendo feita em todas as capitais do país. E que as soluções estão acontecendo por meio de leis municipais. No Recife, o cargo de ADI foi criado após modificação da lei, em 2005.
O advogado Israel Guerra, representante dos ADIs, apresentou a proposta da categoria, que é elaborar um projeto de lei que transforme os cargos de ADI em professor, dando a oportunidade a estes profissionais de se formarem em Pedagogia durante o exercício de seu trabalho. Projetos semelhantes foram aprovados em cidades como Osasco, Cubatão e São Paulo. Para ele, o resultado deste processo será a melhoria significativa da qualidade da prestação dos serviços nos Centros de Educação Infantil. “Se isto se concretizar, teremos creches melhores, porque os profissionais vão trabalhar com mais motivação, mais qualidade, mais condição. As crianças ganharão, a cidade ganhará e Recife dará um exemplo para todo o Brasil”.
O grupo sugeriu que este projeto de lei fosse criado na Câmara para ser apresentado ao Executivo. O vereador Osmar Ricardo* disse que poderia elaborar o documento - mesmo correndo o risco de ele ser considerado inconstitucional – mas sugeriu que a iniciativa parta de outras estâncias. “A gente sabe que a luta não é fácil. Os professores também precisaram de muita luta para ser reconhecidos. Estou aqui como parlamentar, para mobilizar e envolver esta Casa no processo, mas a luta é de vocês e deve acontecer junto com as entidades ligadas à questão”.
Em 28.04.11, às 17h40
postado por Aline Marques
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