domingo, 4 de outubro de 2009

Autonomia Sindical, ideologia e política

Por Sérgio Goiana
Desde que os políticos chamados de progressistas assumiram gestões de prefeituras, estados e do governo federal, muito tem se confundido o papel do movimento sindical, esquecendo, inclusive sua autonomia e independência. Para boa parte da sociedade organizada, população e alguns setores da Mídia existe uma confusão nos papéis desempenhados por ex-dirigentes e, agora representantes de governos, com o papel dos sindicatos, ou seja dos seus dirigentes.
É bom lembrar, que o sistema econômico no país não mudou ainda, portanto nenhum governo independente de partido ou ideologia política vai atender todas as reivindicações dos trabalhadores. Isto é, resolver de imediato os conflitos inevitáveis entre o capital e o trabalho. Sendo assim, não podemos ter dúvidas que o sindicato combativo e comprometido, com a defesa dos direitos dos trabalhadores estará sempre na linha de frente. Custe o que custar. Caso contrário, será atropelado pela base, perdendo a confiança e credibilidade.
A Central Ùnica dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE) juntamente com seus sindicatos filiados tem cumprindo, sem falsa modéstia, o seu papel diante deste quadro. Por isso, continua sendo a maior central do país e uma das principais do mundo. Porém, continuamos em alerta, porque não faltam exemplos para mostrar que a luta entre patrões e trabalhadores é constante, principalmente, contra aqueles que exercem um trabalho de consciência de classe, mostrando os caminhos de luta coletiva por direitos, cidadania e dignidade.
O fato de num processo eleitoral temos sempre nos posicionado a favor das candidaturas de políticos para os cargos do Executivo e de parlamentares que, assumam minimamente o compromisso de defender a pauta dos trabalhadores, em hipótese nenhuma deverá ser entendido como correia de transmissão, subserviência às matizes partidárias. Caso isso ocorra será o fim dos sindicatos combativos e avançados e o chamado peleguismo prevalecerá, trazendo sérias conseqüências aos interesses dos trabalhadores.
Ao longo desses anos, atividade sindical sempre enfrentou a resistência e discriminação do patronato. Nos bastidores, existem movimentos premeditados que visam quebrar o funcionamento das centrais sindicais, enfraquecendo o movimento sindical e a luta dos trabalhadores em geral. Movimentos ligados às elites que impõem o conservadorismo e a manutenção do status quo.
A pauta dos trabalhadores deverá sempre ser mantida e ampliada. Não importa que o processo de negociação esteja envolvendo governos progressistas, democráticos, avançados ou não, além da distribuição de renda, trabalho decente, cumprimentos dos acordos firmados, manutenção do emprego, qualidade de vida, segurança e saúde, defesa do meio ambiente, políticas públicas, reposição salarial e que os recursos do pré-sal seja nosso. Essas demandas nós iremos defender independente que esteja governando. O respeito deve ser mútuo.
Não há dúvidas que o fortalecimento da organização de base dos trabalhadores é de fundamental importância para prosseguirmos nessa luta, por transformações sociais mais profundas, pautado em desenvolvimento, reforma agrária, justiça social e, sobretudo, na valorização do trabalho.

PS:Sérgio Goiana é presidente da CUT-PE

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